CAMPINOS DO RIBATEJO, Património Cultural Imaterial


Projeto para a candidatura do CAMPINO 

como Património Cultural Imaterial


O Município de Benavente com a Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo (ERTAR) vai desenvolver uma candidatura de âmbito regional relativa à classificação do CAMPINO como Património Cultural Imaterial.


A figura do campino é reconhecida neste território como nossa, manifesta-se de forma espontânea e inevitável na imagem que vamos construindo da nossa cultura, naquilo que nos distingue, torna singulares e que é a nossa identidade cultural. 



Temos a responsabilidade de proteger o património e as tradições que tornam cada comunidade diferente e única, pelo que a classificação do CAMPINO como Património Cultural Imaterial é um projeto que pretende afirmar a identidade cultural deste território. O CAMPINO é reconhecido pelos indivíduos e pela comunidade como parte integrante deste património cultural, numa clara interação com a natureza e a história, mas também numa importante perspetiva de continuidade contribuindo para a promoção do respeito pela diversidade cultural e pela criatividade.Embora hoje com características materiais muito diversas, as manifestações imateriais relativas ao universo do CAMPINO mantêm a mesma atualidade e este projeto tem como objetivo valorizar elementos duma identidade em constante dinâmica.

Com o objetivo de iniciar este processo de forma mais expressiva, o Museu Municipal de Benavente realizou um apontamento expositivo sobre o tema na 3ª edição do Festival do Arroz carolino das Lezírias Ribatejanas.









Num território marcado por lezírias e charnecas, a relação do homem com o animal, bovino e cavalar, foi ao longo dos séculos muito próxima e de natureza quase simbiótica e aqui falamos do campino. 







Esta expressão tem constituído a referência cultural mais ampla do Ribatejo. A bravura do touro, a paisagem a perder de vista e a permanência solitária no campo, concorreram para que se acentuassem os feitos e se evocassem os atos de coragem e valentia desta “figura da lezíria que nasce e morre nos campos da Borda d’água” (M.Mesquita, 1908).



Já no século XVII, encontramos referências a estes guardadores de gado nas margens do rio Tejo. A partir do século XIX, o aparecimento das Casas Agrícolas e o consequente desenvolvimento da produção animal e cerealífera exigem inúmeras atividades rurais, das quais se destaca a do campino como maioral, guardador, abegão ou maioral real.

No início do século XX multiplicam-se as grandes produções agrícolas e pecuárias nestes solos férteis e durante os pousios, manadas de equinos e bovinos tiravam partido do pasto que a terra oferecia. Consolidou-se no seio das Casas Agrícolas uma classe de trabalhadores, artesãos, cavaleiros e lidadores, mestres nas artes do campo e que hoje designamos por campinos.






O barrete individualiza o campino acentuando o seu caráter popular. Longo e caído, rematado com uma borla, a sua cor em preto, verde ou encarnado indica de imediato o carácter do trajo, em preto, quando se encontra a trabalhar e colorido nas festas.

No dia-a-dia de trabalho no campo, o campino vestia de jaqueta, colete, camisa simples, cinta preta e calça comprida até aos sapatos. Na cabeça, usava gorro ou barrete preto.
O traje de cerimónia, implementado pelo Estado Novo, começa a ser usado nas festas e nas feiras e é composto pelo calção azul com abotoaduras laterais e ajustado às pernas com botões, colete encarnado, barrete verde com barra encarnada, camisa branca de colarinho baixo e com carcela dupla a esconder os botões.

As meias são brancas (de pinha) até aos joelhos e sapatos pretos com saltos de prateleira onde entram as esporas presas a correias afiveladas. Este conjunto é acompanhado por uma faixa encarnada à cintura e pela jaleca azul pendurada no ombro esquerdo. O figurino completa-se com o pampilho (vara) na mão ou ao ombro quando estão a cavalo. A farda era patrocinada pelos patrões e identificada através do monograma da Casa Agrícola exibido no colete.






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